Convidado: A nova via governista de Kassab, o campo progressivo do PCdoB ou a degeneração dos ex-comunistas

Estréia por este Bidê o Ivan Valério, formado em jornalismo pela PUC/SP, ex-ENECOS e ex-CA Benevides Paixão. Esporadicamente vai colaborar com textos pro blog sobre política. O primeiro é um resgate sobre a política na Câmara de Vereadores de São Paulo que esta semana passou pela eleição do presidente da mesa diretora em um cenário no mínimo burlesco.

Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, enfim, passou a ser protagonista da politica paulista. Deixou de ser tardiamente um ser instrumento de outros, acidental, uma mistura de Celso Pitta com Claudio Lembo e Luís Antônio Fleury. De baixo clero dentro do PFL-DEM, o seu sucesso passou a disputar espaço com as oligarquias que dominam esse velho partido (Maia, Magalhães, etc…). Kassab caminha para sair do DEM, mas até lá, pretende fazer terra arrasada no partido em que cresceu politicamente e arrastar quem puder junto. Seu projeto é ser uma nova liderança no estado, uma espécie de numa nova versão de Orestes Quércia. Tanto é que um dos caminhos que traceja é em direção ao PMDB, para poder virar o novo cacique, tentando dialogar com os pragmáticos prefeitos quercistas e com os governistas dirigidos por Michel Temer. Seu jogo de cintura com um partido que nem é filiado ainda é tanto que ele chegou a comentar em bastidores a volta ao antigo nome de MDB.

Como parte desse processo, entra a recente eleição na Câmara Municipal de São Paulo, vencida pelo candidato apoiado pelo prefeito de São Paulo. Do mesmo modo que em 2006 José Serra articulou a candidatura de Kassab contra seu colega de PSDB Geraldo Alckmin na eleição municipal, Kassab pescou o tucano José Police Neto como seu candidato a presidência do legislativo municipal contra o demista Milton Leite, candidato do famigerado bloco Centrão.

O arco de alianças que Kassab costurou já indica o caminho em direção ao governismo petista, atraindo em troca de cargos e promessas o PSB, o PDT e os ex-comunistas do PCdoB. No caso dos ex-comunistas, a troca estava em uma vaga na mesa diretora para o agressor de mulheres e humoristas Netinho de Paula, e possivelmente até assumir a gerência da TV Câmara, possivelmente por causa do seu fracasso como empresário e dono da nada lembrável TV da Gente.

A derrota do Centrão acaba se convertendo em derrota do PSDB, do PT e do próprio DEM em favor do projeto pessoal de Gilberto Kassab. Agora é ridículo, mas não surpresa, o papel do PCdoB nisso. Um partido que depois de décadas na clandestinidade e na luta armada, se legalizou em 1987 e já em 1988 conseguiu eleger vereadores em São Paulo. Por muito tempo, os vereadores da legenda stalinista sempre foram eleitos representando seu trabalho sindical, como Aldo Rebelo, Alcides Amazonas, Cláudio Fonseca e Jamil Murad.

Mas de uns tempos para cá, o partido tem lançado mão de usar candidaturas laranjas de celebridades para atrair votos e tentar ampliar sua bancada. Em 2004, logo após ter expulsado Claudio Fonseca, essa politica deu errado, pois o laranja Ademir da Guia foi o puxador de votos e único eleito, o que logo em seguida demonstrou ser uma tragédia com a falta de compromisso militante desse ex-jogador do Palmeiras. Hoje, o PCdoB baseia sua atuação municipal em Netinho, que nem morador de São Paulo direito ele é, e com isso ainda garantiu uma sobrevida política ao militante histórico Jamil Murad, eleito pelos votos do ex-cantor, tão estudioso do socialismo que afirma tranquilamente que “no PCdoB não discutimos o comunismo de Marx”, o que é verdade.

O PCdoB deixou de ser um partido com mandatos de vereadores compromissados com as lutas populares na capital para ser um mero partido do aparato do Estado, em busca de cargos e de prestigio. Não é para menos que o jantar de confraternização do PCdoB semana passada contou até com a presença do demista e ex-inimigo Gilberto Kassab, agora elevado a condição de integrante de um suposta campo progressivo por ele estar querendo destruir o PSDB e o DEM para se tornar governista e base da presidente Dilma.

Coincidencia ou não, esse giro do PCdoB para o pragmatismo avança na medida em que os quadros oriundos da UJS vão se inserindo no Comitê Central e nas direções estaduais. Jovens degenerados desde cedo, e que se tornam piores do que os stalinistas de poucos anos atrás. O PCdoB é uma piada de mal gosto, não é comunista nem aqui nem na Albania.

Atualização às 13h de 20 de dezembro:

Na quarta-feira o Taquaral publicou em seu blog uma análise sobre o processo que rolou na Câmara de Vereadores de São Paulo, vale a pena ler para saber o que pensa aqueles que defendem o apoio do PCdoB ao candidato de Kassab à presidência da mesa diretora daquela casa.

Como os partidos votaram sobre o reajuste salarial dos parlamentares

Bem, com essa história do aumento de salário dos parlamentares acabei pegando a lista por estado de quais parlamentares votaram favoravelmente ou não ao aumento que o Congresso em Foco divulgou hoje e aí dividi pelos partidos políticos para ter idéia de como cada agremiação votou, ta aí embaixo:

– DEM:

Total de parlamentares da bancada presentes: 33

Votos favoráveis ao aumento: 32

Votos contrários ao aumento: 01

Abstenções: 00

PCdoB:

Total de parlamentares da bancada presentes: 07

Votos favoráveis ao aumento: 07

Votos contrários ao aumento: 00

Abstenções: 00

PDT:

Total de parlamentares da bancada presentes: 17

Votos favoráveis ao aumento: 15

Votos contrários ao aumento: 02

Abstenções: 00

PHS:

Total de parlamentares da bancada presentes: 02

Votos favoráveis ao aumento: 00

Votos contrários ao aumento: 00

Abstenções: 00

PMDB:

Total de parlamentares da bancada presentes: 65

Votos favoráveis ao aumento: 62

Votos contrários ao aumento: 03

Abstenções: 00

– PMN:

Total de parlamentares da bancada presentes: 02

Votos favoráveis ao aumento: 02

Votos contrários ao aumento: 00

Abstenções: 00

– PP:

Total de parlamentares da bancada presentes: 26

Votos favoráveis ao aumento: 26

Votos contrários ao aumento: 00

Abstenções: 00

– PPS:

Total de parlamentares da bancada presentes: 08

Votos favoráveis ao aumento: 06

Votos contrários ao aumento: 02

Abstenções: 00

– PR:*

Total de parlamentares da bancada presentes: 23

Votos favoráveis ao aumento: 22

Votos contrários ao aumento: 00

Abstenções: 00

* O Inocêncio Oliveira não votou pois presidia a sessão

– PRB:

Total de parlamentares da bancada presentes: 04

Votos favoráveis ao aumento: 04

Votos contrários ao aumento: 00

Abstenções: 00

– PSB:

Total de parlamentares da bancada presentes: 18

Votos favoráveis ao aumento: 16

Votos contrários ao aumento: 02

Abstenções: 00

– PSC:

Total de parlamentares da bancada presentes: 11

Votos favoráveis ao aumento: 08

Votos contrários ao aumento: 02

Abstenções: 01

– PSDB:

Total de parlamentares da bancada presentes: 28

Votos favoráveis ao aumento: 23

Votos contrários ao aumento: 04

Abstenções: 01

– PSOL:

Total de parlamentares da bancada presentes: 03

Votos favoráveis ao aumento: 00

Votos contrários ao aumento: 03

Abstenções: 00

– PT:

Total de parlamentares da bancada presentes: 44

Votos favoráveis ao aumento: 34

Votos contrários ao aumento: 09

Abstenções: 01

– PTB:

Total de parlamentares da bancada presentes: 10

Votos favoráveis ao aumento: 09

Votos contrários ao aumento: 01

Abstenções: 00

– PTC:

Total de parlamentares da bancada presentes: 02

Votos favoráveis ao aumento: 01

Votos contrários ao aumento: 01

Abstenções: 00

– PTdoB:

Total de parlamentares da bancada presentes: 01

Votos favoráveis ao aumento: 01

Votos contrários ao aumento: 00

Abstenções: 00

– PV:

Total de parlamentares da bancada presentes: 10

Votos favoráveis ao aumento: 06

Votos contrários ao aumento: 04

Abstenções: 00

É assustador ver que tirando o PSOL a maioria esmagadora, exceto o PTC que ficou literalmente divido, dos parlamentares dos outros partidos era favorável o aumento do salário deles.

Negociatas

Fora Yeda, Fora Arruda, Fora Duciomar e mais recentemente a notícia de que o mandato de prefeito do Gilberto Kassab foi cassado por ter recebido doações ilegais na campanha de 2008. O Arruda em Brasília continua preso e faz parte do mesmo partido do Gilberto Kassado, o DEM vai ter problemas para se explicar junto a população em ano eleitoral e isso pode até respingar no PSDB, já que eles são unha e cutícula há um bom tempo.

É certo que o motivo do Gilberto ter sido Kassado não foi por conta do caos urbano que tomou São Paulo durante os períodos de chuva e onerou a população mais pobre da cidade, ou por que instituiu em São Paulo um programa de higienização social chamado “Cidade Limpa”, ou por ter cortado uma das refeições das creches públicas… Ele foi cassado pela justiça eleitoral, por conta do financiamento da sua campanha e pelo mesmo motivo estava sendo investigados o Alckimin e a Marta e só não foram condenados e perigaram perder seus direitos políticos por que o juiz colocou como critério para condenar os réus que as doações ilegais de campanha deveriam ter sido acima de 20% e aí só Kassab contemplou o critério.

Porém o PT e o PSDB também receberam doações ilegais, não atingiram 20%, mas receberam doações e isto não é falatório consta no parecer do juiz Aloísio Sérgio Resende Silveira. Mas fica a pergunta o fato de Alckimin e Marta não terem sido condenados por não terem alcançado um patamar de tantos % de doações ilegais em suas campanhas os fazem masi honestos? Ou só reverbera a velha ladainha do menos pior?

Na terça-feira a sentença do caso será publicada no Diário-Oficial, mas além de Kassab 10 vereadores devem ser cassados também pelos mesmo motivos, entre eles o presidente da Câmara dos vereadores que é quem assume a prefeitura quando o prefeito está viajando, lincensa ou é cassado e outros parlamentares do DEM, PSDB e PT. Vale a pena ficar de olho no que vem por aí em São Paulo, pois a chapa vai esquentar e começar a mostrar quem é farinha do mesmo saco e quem não é.

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